sábado, 25 de outubro de 2014

POLÍTICA E ELEIÇÕES

Nasci em 1988 juntamente com nossa atual Constituição Federal, pouco mais de um ano antes das primeiras eleições diretas. Estava com quatro anos quando do processo de Impeachment do primeiro Presidente Eleito, após anos de Ditadura Militar, e recordo que nesse ano minha brincadeira favorita era pintar o rosto de verde-amarelo e cantarolar a cantiga de roda "Eu sou pobre de marré". Recordo-me de frequentar supermercados e padarias com meus familiares, recordo-me que sabia diferenciar valores e realizar conta do troco, especialmente porque desejava comprar chocolate, ou balas com o troco. Vivenciei o inicio do plano real em 1994 (aos seis anos), recordo-me da sensação de tudo transformado, recordo-me, também, que nesse momento meus chocolates ficaram mais raros, meus familiares passaram a reclamar do valor das coisas, e da falta de dinheiro no meio do mês. 
Anos se passaram, e agora o ano é 1998, minha primeira viagem a Brasília juntamente com a FENASPS, deve estar se perguntando o que uma menina de dez anos faz engajada com Federações Nacionais de Sindicatos, a resposta é simples era acompanhante de minha mãe, então funcionária pública do INSS, reivindicações planos de cargos e carreiras, parida e aumento salarial. Durante os anos de governo do PSDB esse setor do funcionalismo público não teve aumento de salários, sofreu corte de benefícios e qualidade das condições gerais de trabalho, acredito que os demais setores também, mas nesse tenho certeza pois participei da maioria das greves, passeatas e manifestações. 
Ano de 2001, assumo a posição de empreendedora, aos 13 anos, decido vender "geladinho", durante as férias de final de ano, visto que não tive gastos (pagos pela minha mãe), obtive um grande lucro, descido investi-lo na poupança, ocorre que o único banco que aceitou meu investimento foi a Caixa Econômica Federal, que exigia o menor valor, R$100,00 (cem reias), quase meio salário mínimo. 
No ano seguinte 2002, ano de eleições e mudanças, muitas mudanças a oposição assume o governo, o funcionalismo público passa a ter aumento dos salários, são realizados planos de cargos e carreiras, e com isso novos concursos de ingresso nas carreiras públicas. Confesso que não sei afirmar se criação ou apenas divulgação e ampliação de planos sociais como bolsas família. Esse momento político se repete até 2005 momento em que iniciam-se os escândalos políticos,e nesse momento passo a ter força como uma verdadeira cidadã com direito ao voto, e termino o ensino médio, ocorre a reeleição. Os escândalos perdem a força, continua-se a implementação e ampliação de novas políticas sociais, e agora sou uma jovem universitária cursando Licenciatura em Letras, algo que seria perto do impossível durante os anos do governo PSDB, visto que os salários de meus familiares estavam congelados, mas o dos produtos não! Economistas costumam chamar isso de inflação, ou estou enganada? Realizo meu curso de três anos, e decido não exercer a profissão, mas sim buscar meu antigo sonho de cursar direito, e em 2009 inicio meu curso, novamente algo impossível antes, visto os gastos envolvidos.
Ano de 2010, os escândalos retornam com força total, juntamente com inúmeros novas notícias desabonadoras ao PT, ainda assim o partido permanece na situação, políticas sociais são realizadas, sobrevivemos a uma crise mundial (sim houve, e há crise econômica mundial), o poder econômico de muitos aumentou, nunca vimos tantos carros próprios como atualmente (o que eu odeio, mas enfim é progresso), nunca houve tantas pessoas matriculadas em cursos superiores e de tecnologia, ou mesmo realizando viagens ao exterior, seja como turistas, intercambistas,  bolsistas etc.
Ano de 2014, novamente as eleições batem a porta e os escândalos se intensificam, fortificam, e são amplamente divulgados, nos três principais canais de informação. Que para mim, são tendenciosos, agora se além de tendenciosos  são maliciosos não posso afirmar. Embora o ideal fosse um jornalismo isento, para mim é utopia demais!!!

Essa é a minha história política, esse é o Brasil que vivenciei, interagi, e integrei durante a minha vida, não nego os escândalos políticos, especialmente porque como Advogada acredito na justiça, e houve julgamento e condenações, e também como Advogada acredito na inocência até sentença transitada em julgado, sendo assim muitas das acusações levantadas em período eleitoral não podem ser levadas em consideração (ambos os lados).
 Acredito que o poder vicia e corrompe, acredito que deve haver alteração de poder, acredito que existem erros no governo atual, assim como houve nos passados, e haverá nos futuros. E acredito que atualmente quem governa não é o presidente eleito, enquanto pessoa (com suas falhas e qualidades), mas sim seu grupo de governo, formado pelos seus Ministros indicados, Assessores nomeados, pelo seu Partido e também pelos demais membros do governo Eleito (Senadores, Deputados Federais e Estaduais, Governadores, Prefeitos e Vereadores), acredito que um governo é tão forte quanto suas parcerias políticas, um governo tem tanta influência quanto sua aceitação entre os demais Eleitos, e tem tanta harmonia quanto seus egos.
Acredito que a mudança, não está em escolher o partido X, Y ou Z, mas em mostrar a todos os membros que compõem o governo que desejamos harmonia de ideias e políticas, o famoso "manter o que deu certo e mudar o que deu errado" de tantos candidatos, a humildade de aceitar que todos os partidos ou políticos possuem falhas e defeitos, assim como qualidades, e que a soma das qualidades que gera a mudança e um Brasil melhor, para TODOS. Sim todos os partidos buscam um grupo específico, o que acho até natural, mas qual grupo precisa e dever ser valorizado HOJE, nesse momento. Durante os anos do PSDB a política era voltada para classes com uma segurança e estabilidade financeira maior, o governo do PT buscou a igualdade social, esquecendo-se das classes já estáveis e de maior poder aquisitivo (não concordo 100% com isso, mas realmente foi menor o número de políticas que tiveram peso para essas classes). 
Contudo, um governo ou partido não é tão ruim quanto pintado pelo seu adversário, ou tão bom quanto ilustrado pelo candidato, o que o Brasil precisa é de BRASILEIROS que deixe de ser tão crédulo, ou tão ingênuo, que pare de se preocupar com política apenas nos anos de eleição (inclusive eu), que acompanhe, que busque mudanças, que desenvolva ideias, que cobre, e também reconheça, elogie e abrace o que funciona. BRASILEIROS que parem de acreditar e desejar políticas milagrosas que solucionam os problemas com apenas uma lei, decreto ou projeto. O BRASIL e o MUNDO são construídos com uma sequência de ações de curto, médio e longo prazo. (Quem não conhece a máxima que o bater de assas de uma borboleta hoje e capaz de gerar um furacão no outro lado do mundo em semanas, meses, anos)

Eu sonho e desejo uma política limpa em que não existam ataques contra candidatos, ou partidos, que não sejam destacadas as falhas, e os defeitos do adversário, que os eleitores não sejam ingênuos ou crédulos, que a mídia não tenha favoritos, de preferência que não publique informações sobre os candidatos durante os meses de campanha. Mas que seja uma política focada em reconhecer e exaltar as qualidades, as ideias, os acertos, e os eleitores sejam afiados, detalhistas, focados, exigentes, e acima de tudo lógicos.

Ficarei absurdamente feliz com o fim das eleições e os ataques entre os candidatos e entre seus eleitores nas mídias sociais, acredito e defendo a liberdade de expressão, mas acredito no que minha linda bisavó indígena dizia "Se não tem nada de bom para falar, permaneça calado". Se sua história de vida, sua memória, suas convicções te fizeram escolher o candidato X, respeite, aceite e entenda que a história de vida, memória e convicções de outros o levaram a conclusões diferentes...

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

QUASE SEM QUERER - Legião Urbana


O ano era 2005, março para ser exata. Eu uma jovem de dezesseis anos, quase dezessete, último ano do Ensino Médio, um milhão de decisões há serem tomadas, excluída do grupo escolar, ao menos de um dos períodos escolares, visto que havia tomado a "brilhante" decisão de estudar três períodos. Sentindo-me esgotada física, psicologica e emocionalmente, sentindo o peso de todas as escolhas imprudentes, impensadas e inconsequentes já tomadas e temendo profundamente repeti-las (o que acabei por fazer).
Contudo em meio a este turbilhão de coisas, tenho algumas horas de tranquilidade, alcançadas devido a mais decisões erradas (havia faltado nas aulas da manhã - Ensino Médio), enquanto preparava o almoço, já quase me atrasando para as aulas da tarde (SENAI), ouço essa música - QUASE SEM QUERER.
Vivenciei um daqueles momentos raros de catarse, ou a versão de alguém de dezesseis anos. Identificação com uma música que te leva as lágrimas, depois a uma felicidade ilógica e finalmente a perplexidade. Não podia acreditar o quanto Renato Russo poderia me conhecer e me descrever, todos os sentimentos conflitantes de insegurança e segurança, que beiravam a arrogância. "Quando o que eu mais queria...era provar pra todo mundo...que eu não precisava... provar nada pra ninguém".
Infelizmente momentos depois de ouvir a música, pesquisar a música na internet, ouvi-la repetidas vezes, fiz o esperado...especialmente pelo autor da música "fiz questão de esquecer...que mentir pra si mesmo...é sempre a pior mentira" e recomecei a tentar me convencer de que as minhas más escolhas nada tinham haver com meus problemas, mas que o mundo era mau, assim como as pessoas eram más e injustas...
Dois meses depois, após o ápice dos problemas, cumulado com um toque de inferno astral...Fui convencida de que estava certa e o mundo era mau, assim como as pessoas eram más e injustas, então encontrei uma "válvula de escape" de todos estes problemas e embora continuasse a repetir meus erros, e a cometer muitos erros novos (inúmeros erros novos), sentia que "agora é diferente...estou tão tranquilo...e tão contente".

Hoje nove anos depois, percebo que pouco, ou quase nada mudei. Ainda, sinto que desperdicei muito, muito, muito tempo tentando provar para todo mundo, que não preciso provar nada para ninguém, tentando me convencer de coisas, que são mentiras, tentando sair da minha confusão habitual. Sobretudo esse ano, ano de transformações, grandes transformações na minha vida, ano de escolhas que definirão boa parte do meu futuro, novamente me sinto ameaçada e amedrontada não pelas novas escolhas, mas pelas escolhas passadas...Percebo, ainda, que dei crédito a "válvula" errada. Passei os últimos dez meses temendo este ano, temendo a mim mesma, e revivendo emoções tão, tão pesadas, e duvidando profundamente se seria capaz de transpor todas elas sozinha, sem minha "válvula" e hoje, ouvi novamente essa música, relembrei tudo isso, decidi escrever e percebi que há dez anos assumi um compromisso com alguém perfeito, que todos os dias repete "eu vejo o mesmo que você" e acrescenta "eu vejo além do que você vê, eu quero ser sua válvula e sua bússola". Passei o ano desejando e pedindo a mesma "válvula" que recebi há nove anos, desejando algo que pensei ter perdido, que substituí e perdi o substituto, quando na verdade nunca precisei substituir, desejar ou pedir...porque nunca perdi, apenas não havia reconhecido o que verdadeiramente havia me dado forças, quem estava ao meu lado, quem me colocou na direção certa e mesmo eu me desviando, voltou comigo pelo caminho errado até encontrar o desvio certo...

Deus, desculpe-me por demorar a reconhecer seu toque suave, e muito obrigada por ser paciente, constante, e bondoso...